Nova finalidade
Usina de biogás para Candiota
Projeto, que recebeu licença de instalação da Fepam em fevereiro deste ano, deverá ser concluído até fevereiro de 2018
As 180 toneladas de resíduos sólidos urbanos coletadas em Pelotas e enviadas diariamente para o aterro sanitário de Candiota (região da Campanha, a 140 quilômetros de Pelotas), ganharão uma finalidade. Uma usina de biogás está prevista para ser instalada no local.
A promessa é de que o empreendimento deve entrar em operação em fevereiro de 2018. As 800 toneladas de resíduos descartadas diariamente no aterro - provenientes de 24 município - serão transformadas em energia elétrica, apta para ser comercializada para qualquer lugar do país.
A previsão é do diretor da Meioeste Ambiental, Guilherme Arruda da Costa. A empresa recebeu em fevereiro deste ano, da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam), a Licença de Instalação (LI) para a usina. "O montante deverá produzir energia suficiente para abastecer um município do tamanho de Candiota, com cerca de dez mil habitantes", garante Guilherme.
Impacto ambiental
O aterro sanitário é um local voltado para a disposição final de resíduos sólidos urbanos, onde são empregadas técnicas para evitar danos à saúde e à segurança pública e minimizar os impactos ambientais negativos, segundo definição da Fepam. Com a instalação de uma usina de biogás, os gases produzidos na decomposição do "lixo" - que seriam emitidos ao ar e, consequentemente, contribuiriam para o aumento do efeito estufa - são captados e, através de um equipamento chamado biodigestor, passam por um processo que os transformam em biogás - uma espécie de combustível.
O oceanógrafo Antônio Libório Philomena, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e doutor em Ecologia pela Universidade da Geórgia (EUA), acredita que a ideia chega ao Rio Grande do Sul de maneira tímida e tardia. Entusiasta de biodigestores de pequeno e médio porte, ele explica que, a partir da matéria orgânica homogênea, esse tipo de indústria pode ter funcionamento limpo, eficiente e duradouro, capaz de aproveitar até 90% dos gases produzidos. "Dentro de uma gestão profissional, com fiscalização constante e externa, uma usina de biogás pode diminuir bem os riscos em potencial inerentes deste tipo de indústria", esclarece.
Quanto ao projeto em questão, que será instalado em Candiota, Philomena afirma que a proposta é viável, uma vez que evitará a emissão de gases como o metano, com potencial de aquecimento global 20 vezes maior do que o dióxido de carbono. No entanto, com base na sua experiência como perito em valoração ambiental, ele salienta que um projeto desse porte deveria ter um plano de emergência que preveja a realização de exercícios com a população, dentro de um programa da Defesa Civil, para o caso de eventos não planejados, como vazamento de gases, incêndios e explosões. "Os bombeiros e a estrutura municipal devem estar prontos", reitera.
Questionado sobre o tema, o prefeito de Candiota, Adriano Castro dos Santos, diz que empreendimentos como esse já possuem planos de emergência regulamentados no projeto, com equipamentos de segurança para situações diversas, exigidos para o seu licenciamento. Ainda de acordo Santos, a criação de um plano da prefeitura não foi debatida porque a cidade não possui nem, ao menos, Corpo de Bombeiros. Desde janeiro, por decisão do Estado, o município conta apenas com um profissional responsável pela parte administrativa. Em caso de incidentes, uma força-tarefa é montada com profissionais cedidos por empresas da localidade. "Em uma cidade industrial como a nossa, que sedia a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), a Eletrobras CGTEE e a UTE Pampa Sul, por exemplo, é essencial a atuação do Corpo de Bombeiros, tanto para atender à demanda das empresas na área industrial, quanto para atender a população que vive na área urbana", afirma.
Impacto urbano
A partir do investimento de R$ 10 milhões, além de aumentar a vida útil do aterro sanitário - que está em operação desde 2011 -, a usina de biogás deverá gerar pelo menos cinco empregos diretos e 40 indiretos, com a contratação de terceirizadas para a manutenção e a operação do empreendimento. Para o prefeito, a notícia é encarada de forma positiva. "Todo empreendimento que vier para o município e possibilitar fortalecer nossa receita será bem-vindo. Faremos o possível para que os projetos se concretizem. Nesse caso em especial, vejo com bons olhos, uma vez que já temos o aterro sanitário instalado e agora os resíduos ali descartados receberão destinação."
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